Em maio de 2018, todas as vezes em que circulava no entorno do Motor Speedway, autódromo nos EUA onde são realizadas as 500 Milhas de Indianápolis, Pietro Fittipaldi, 24, ficava frustrado.
Nos muros do local, são estampados todos os anos fotos dos pilotos que vão competir naquela que é uma das mais tradicionais provas do automobilismo mundial. O retrato do brasileiro estava lá em 2018, mas um acidente, sofrido semanas antes, durante o Mundial de Endurance, o impediu de disputar a corrida.
"Eu andava na rua de cadeira de rodas e via meu sobrenome, minha foto e pensava: quando vou ter outra oportunidade de correr novamente as 500 Milhas?", lembra Fittipaldi.
A resposta: dois anos depois. Neste domingo (30), ele disputará pela primeira vez a prova, a partir das 13h (de Brasília), com transmissão da TV Cultura.
"Eu coloquei na minha cabeça que um dia eu voltaria aqui para correr. Não sabia quando, mas voltaria. O negócio é ser persistente", orgulha-se.
A persistência o ajudou a se recuperar de um acidente que provocou uma fratura exposta em sua perna esquerda e outra de menor grau perto do osso do tornozelo direito, além do rompimento dos ligamentos do joelho.
Tudo isso ocorreu após uma forte batida durante a abertura do Mundial de Endurance, em maio de 2018, em Spa-Francorchamps, na Bélgica. Após uma falha nos freios de seu carro, ele bateu logo na entrada da curva Eau Rouge, a mais famosa do circuito, destruindo toda a dianteira do veículo.
Mesmo sem poder correr, ele viajou para Indianápolis no fim daquele mês e morou em um motorhome em frente ao autódromo durante dois meses, com sua mãe. Junto à família, ele optou por fazer o tratamento com médicos americanos.
Depois de se recuperar, o neto de Emerson Fittipaldi, 74, bicampeão mundial de F1 (1972 e 1974) e duas vezes vencedor das 500 Milhas (1989 e 1993), acumulou novas experiências em outras categorias de carros monopostos até ter outra chance em Indianápolis.
A principal delas foi em 2020, quando ele teve a oportunidade de disputar duas corridas na F1. Na ocasião, substituiu o francês Romain Grosjean, 35, que havia sofrido um acidente durante o GP do Bahrein.
Pietro pilotou o carro da equipe Haas nas etapas de Sakhir e Abu Dhabi, nas quais terminou em 17º e 19º, respectivamente.
Ainda que os resultados não tenham sido tão empolgantes, foram suficientes para ele encerrar a ausência de brasileiros na categoria desde a despedida de Felipe Massa, em 2017.
De volta aos EUA neste ano, em que vai se dividir como piloto reserva da Haas e o titular da Dale Coyne, na Indy, Fittipaldi acredita que seu carro tem condições de brigar pela vitória. Além dele, Tony Kanaan e Hélio Castroneves também representarão o país nas 500 Milhas.
"A gente tem uma boa chance para a corrida. Eu estou largando em 13º, o Helinho em oitavo e o Tony está em quinto. Estamos em equipes boas, competitivas, com chances de ganhar. Imagina se dá um top 3 todo do Brasil. Nós três estamos com carros bem competitivos", afirma Pietro.
O Brasil tem sete vitórias na prova. A última delas foi em 2013, quando Tony Kanaan teve o prazer de fazer sua tradicional comemoração bebendo leite.
Além dessa, as vitórias do avô Emerson também são inspirações para Fittipaldi. "Eu vi as corridas dele no YouTube. É muito emocionante pode assistir e ver as vitórias dele. É muito importante para mim. Você consegue ver a emoção do piloto depois que ele ganha as 500 Milhas. É um negócio incrível."
"Estou bastante ansioso. É a maior corrida do mundo", completa.
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