A proposta encaminhada pela Comissão Nacional de Clubes na última sexta-feira para atletas, via sindicatos, foi revista nesta segunda-feira pelos dirigentes, após videoconferência nesta tarde. Pela manhã, a Medida Provisória Nº 927, editada pelo governo federal neste domingo, foi motivo de discussão de clubes, de sindicatos e de atletas, mas parte do texto terminou revogado.
O conjunto de medidas provocou retardamento da contraproposta dos jogadores para os clubes. Os clubes - em encontro virtual realizado às 15h, desta segunda - tiveram acesso prévio aos pontos que mais incomodavam aos jogadores - por exemplo, o corte de 50% em salários e direitos de imagem, caso o futebol não retorne após os 30 dias de férias coletivas - e preparam novo documento para entregar aos sindicatos de atletas.
O presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, é quem atualiza as propostas e negocia diretamente com os representantes dos atletas - há grupo de discussão por Whatsapp que reúne representantes da CBF, da Comissão Nacional de Clubes e alguns sindicatos. Mário conversou com representantes de jogadores e ouviu sobre a rejeição ao corte salarial. Pela CLT, por motivo de força maior, o salário pode ser reduzido em até 75%, mas não 50% - como estava na proposta original dos clubes.
Sette Câmara: "Nunca tinha visto união tão grande assim"
Um dos representantes dos atletas, o presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (SAFERJ), Alfredo Sampaio, reforçou preocupação com a situação de jogadores, pois muitos - a maioria, ressalta - ainda têm dois, três meses de salários atrasados antes da paralisação e podem sofrer ainda mais com qualquer perda salarial.
O advogado Thiago Rino, que representa atletas em São Paulo e em outros estados do país, questiona a aplicação das propostas e lembra que nenhuma delas tem respaldo na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Entre as medidas, a principal discordância diz respeito à redução salarial.
No canal de Youtube do Atlético-MG, o presidente Sérgio Sette Câmara falou da nova reunião com os clubes. O Galo faz parte da diretoria provisória da Comissão Nacional dos Clubes, que ainda tem o Fluminense, o Bahia, o Grêmio e o Palmeiras. Na Série B, o Avaí e o Paraná.
- Não adianta imaginar que os clubes sem receita vão ter condição de honrar com as folhas sem que isso venha a impactar demais no restante do ano, porque nós todos sabemos que a maioria esmagadora dos clubes no Brasil passa por dificuldades financeiras. Deixar de ter receita e continuando a ter a despesa que é gerada todo mês acaba de inviabilizar tudo. Temos que nos unir para tentar salvar o futebol brasileiro, que corre risco - disse o dirigente do Galo.
- O Mário deve hoje nos enviar uma (nova) proposta que vamos encaminhar. Houve um primeiro contato, uma primeira conversa. Tudo ainda nebuloso, tivemos ontem à noite uma MP, mas já foi revogada (suspensão de quatro meses). Acho que nos próximos dias vão haver outras mudanças. Os clubes estão bem unidos. Nunca tinha visto uma união tão grande assim, no sentido de tentar honrar o máximo possível com os pagamentos devidos aos atletas, mas sem comprometer demais a saúde financeira dos clubes, porque temos que encontrar esse ponto de equilíbrio. É uma decisão que vai ser tomada por todos os envolvidos.
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