Sabe aquela canção que diz: “tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo e me absorvendo”? Então, no universo do cicloturismo, o sentimento entre os seus praticantes é bem este! A estudante de Física Thais Helena Silva, 25 anos, é uma dessas pedaleiras que foram se apaixonando pelo turismo sobre duas rodas e, hoje, o tem como filosofia de vida. Integrante do Amarbike – grupo de cicloturismo de Amargosa, um dos 75 existentes na Bahia –, ela conta que andar de bike é a sua grande motivação. “Pedalar, para mim, é algo do qual não abro mão, já faz parte da minha vida e me trouxe qualidade de vida, bem-estar e condicionamento físico. Pedalo três vezes por semana e se tivesse mais tempo pedalaria todos os dias, porque esse contato com a natureza que o ciclismo proporciona me deixa muito feliz”, diz.
Além de melhorar o sistema cardiovascular e adquirir massa muscular, Thais conta que o ciclismo a leva para conhecer diversos lugares, onde a natureza é imperativa e deslumbrante. “Por conta das viagens, acabo conhecendo outras culturas e costumes e crio novos vínculos de amizade, como aconteceu há 15 dias, quando o meu grupo viajou para pedalar em Morro de São Paulo”, conta Thais, que começou a pedalar há dois anos com uma bicicleta emprestada, no asfalto de Amargosa, antes de se enveredar pelas trilhas com a bike profissional, adquirida tão logo percebeu que a paixão pelo cicloturismo já tinha a absorvido por inteira.
Pedalar, para mim, é algo do qual não abro mão, já faz parte da minha vida e me trouxe qualidade de vida, bem-estar e condicionamento físico
Membro da comissão do Amarbike – do qual participam cerca de 160 ciclistas de Amargosa, desde 2013, quando o grupo foi fundado –, Fabrício Morais, 35 anos, é outro exemplo de que o cicloturismo na Bahia vem ganhando, cada vez mais, amantes pelo veículo de duas rodas. Ele conta que começou a pedalar sob a influência de um primo, há dois anos e, desde então, nunca mais parou. “Pedalo de três a quatro vezes por semana, focado mais no treino, e no domingo faço uma pedalada mais recreativa. Incorporei tanto o pedal na minha vida que falta algo em mim quando fico sem pedalar”, declara. Fabrício revela, ainda, que, graças à sua prática de cicloturismo, melhorou o sono, acabou com os problemas respiratórios e manteve o peso. “Ou seja, pedalar é sinônimo de qualidade de vida e costumo brincar que as mulheres pagam academia para malhar perna, glúteo e barriga e a bicicleta faz tudo isto por elas”.
Pedalo de três a quatro vezes por semana, focado mais no treino, e no domingo faço uma pedalada mais recreativa. Incorporei tanto o pedal na minha vida que falta algo em mim quando fico sem pedalar
CICLOTURISTA E COMPETIDOR - O jovem Rafael Oliveira, 15, também incentivado por um amigo, montou em uma bike e saiu de encontro à bucólica paisagem das estradas da zona rural de Amargosa, onde mora. O que seria uma mera aventura se transformou em um meio de se conectar com a natureza e, no caso dele, de liberar a adrenalina com a prática em competições esportivas, com as quais acabou se envolvendo. O garoto, que continua como integrante do Amarbike, é a prova de que pedalar ao ar livre, respirando o verde, faz bem à mente, ao corpo e à alma.
Com as viagens de bike fui ganhando experiência e aí bateu a vontade de competir, mas participar simplesmente dos passeios promovidos pelo circuito já é o máximo
“Além de ter me trazido qualidade de vida, me tornando uma pessoa mais cuidadosa com a alimentação e o condicionamento físico, o cicloturismo me proporcionou um encontro com a natureza que me trouxe paz, tranquilidade. Com as viagens de bike, através do Amarbike, fui ganhando experiência e aí bateu a vontade de competir, mas participar simplesmente dos passeios promovidos pelo circuito já é o máximo”, declara o adolescente Rafael Oliveira, que já coleciona quatro conquistas em competições no ciclismo nas cidades de Vitória da Conquista (8º Desafio Calangos), Poções (2º Desafio Poções), Mucugê (5º Desafio Oggi Alto Paraguaçu MTB) e Itaberaba (Esquenta Itabike).
CICLOTURISMO NA BAHIA - Viajar utilizando como meio de transporte uma bicicleta é mais do que uma maneira saudável, econômica e ecológica de se fazer turismo. O cicloturista, na verdade, cria com a sua bicicleta uma ligação quase mágica. É uma relação de paixão, garantem os pedaleiros. O líder do grupo Valença Bike, do município de Valença, e responsável pela organização do calendário oficial de eventos do cicloturismo na Bahia, Marcos Fabricius Bonfim, ressalta o crescimento do segmento no Estado: “Acredito que a crescente participação das pessoas no cicloturismo se deve, justamente, pela união de dois prazeres: o ciclismo e o turismo. Cidades que promovem os eventos mostram, além das suas belezas naturais, a sua culinária e cultura local. Só para se ter uma ideia, em 2016 foram realizados 63 eventos; este ano, o número passou para 75, e em 2018, a expectativa é de mais de 80 municípios farão os seus passeios oficiais”, relata.
Acredito que a crescente participação das pessoas no cicloturismo se deve, justamente, pela união de dois prazeres: o ciclismo e o turismo. Cidades que promovem os eventos mostram, além das suas belezas naturais, a sua culinária e cultura local
Para os municípios, completa, o cicloturismo é muito importante, pois os eventos que são promovidos envolvem, de uma só vez, o turismo, o comércio local e a rede hoteleira, além da divulgação do ciclismo como meio de transporte e de melhorias na saúde. De acordo com pesquisa de 2016 do portal Bike é Legal, a Bahia ocupa três entre os dez melhores lugares para pedalar no Brasil, levando em conta a beleza natural das localidades para viajar de bicicleta. Conforme o ranking, o primeiro lugar ficou com a Rota do Descobrimento, considerada a mais encantadora opção de destino turístico, onde o pedaleiro cruza rios e falésias em meio a coqueirais, passando por comunidades preservadas. O terceiro lugar ficou com a Costa dos Coqueiros e a Chapada Diamantina listou a sétima posição.
DICAS PARA QUEM VAI VIAJAR - Para praticar o cicloturismo são necessárias algumas precauções, visando uma viagem segura. Assim, para evitar contratempos na estrada, os especialistas orientam que os pedaleiros devem carregar o kit de reparo de câmaras de ar, ferramentas de ajustes e manutenção de freio, entre outras peças da bike. O tipo de bicicleta utilizada para uma viagem deve ser confortável, forte e em bom estado, sendo adequada para percorrer tanto asfalto, como terra. A bike requer revisões periódicas, no mínimo uma vez por mês, e é importante, também, que o cicloturista adquira noções básicas de como montá-la e desmontá-la; trocar ou consertar a corrente; regular freios e troca de marchas.
(Com conteúdo atardeuol)