Seja no surfe, no longboard ou no bodyboard, o domínio verde e amarelo é unânime. Depois de Phil Rajzman sagrar-se bicampeão mundial de longboard na China, a equipe brasileira reinou no último dia do Stance ISA World Adaptive, Mundial de surfe adaptado disputado na praia de La Jolla, em San Diego, na Califórnia. Foram quatro finalistas e duas medalhas de ouro pelas categorias individuais e ainda um título na disputa entre seleções. O campeonato foi realizado nos moldes olímpicos, um teste visando os Jogos de Tóquio 2020, quando a modalidade será incorporada pela primeira vez no programa olímpico. Um dos destaques do time brasileiro foi Davi Teixeira, o Davizinho, surfista de 11 anos que é apontado como uma das maiores promessas de sua geração. O menino, vice-campeão mundial no ano passado e conhecido como o "Medina do surfe adaptado", venceu na categoria AS-5 Assist, ao lado de 30 atletas com necessidade de auxílio no momento do entrar na onda.
- Ser coroado campeão mundial era o sonho da minha vida, e ele finalmente se realizou. Eu sabia que esse dia iria chegar - comemorou Davizinho.
A equipe brasileira, comandada por Luiz Felipe Nobre, começou o último dia 30 pontos atrás do time dos Estados Unidos, mas reagiu e fechou a prova com vantagem de quase 500 pontos sobre os rivais: 5.598 a 5.109. Os americanos conquistaram a medalha de prata entre as equipes, e o Chile (3.912) ficou com o bronze. Três dos quatro medalhistas de ouro no evento inaugural em 2015, ainda sem usar o modelo olímpico, defenderam os seus títulos este ano na Califórnia. O brasileiro Fellipe Lima (AS-3 Upright), o dinamarquês Bruno Hansen (AS-4 Prone) e o australiano Mark "Mono" Stewart (AS-2 Stand/Kneel) repetiram os feitos do ano passado.
Fellipe, aliás, foi responsável por um dos pontos altos do campeonato em San Diego, após ganhar uma nota 10 dos juízes e conquistar o ouro pelo segundo ano consecutivo no Mundial. Eke apostou nas esquerdas para levar a melhor sobre os rivais e foi recompensado pela estratégia de precisão cirúrgica. Na categoria Upright, os atletas surfam de joelhos ou sentados. Outros representantes do país no pódio em La Jolla foram Henrique Saraiva, com o bronze na AS2 Stand/Kneel, e Elias Figue Diel, prata na Visually Impaired, entre competidores com deficiência visual.
Davizinho Radical já havia chamado a atenção no ano passado, quando ficou em segundo lugar no campeonato realizado pela International Surfing Association (ISA). Ele só ficou atrás do americano Jesse Billauer, de 36 anos, uma referência mundial no surfe. O jovem que encantou Medina e trouxe a esperança de bons resultados para o Brasil nasceu com a síndrome da banda amniótica, uma desordem congênita rara, que causa a má formação nos braços e nas pernas. A mãe de Davi, Denise, descobriu a síndrome ainda na gravidez e sempre o incentivou a praticar esportes para ajudá-lo no desenvolvimento motor.
O jovem de 11 anos começou no skate em 2014 e migrou para o surfe no ano seguinte. O ascensão no esporte foi meteórica e bastaram poucas competições nacionais e internacionais para transformá-lo em um dos mais respeitados atletas de sua categoria um ano e meio depois. Hoje, Davi usa as ondas para melhorar a sua mobilidade, driblar o preconceito e inspirar pessoas. Além de participar de clínicas em comunidades carentes e projetos sociais, o surfista também dá palestras em escolas. Além do sonho de surfar bastante ao lado do ídolo, Gabriel Medina, Davizinho tem como grande missão representar o Brasil em Tóquio 2020.
CONFIRA O RANKING DAS EQUIPES
1 – Brasil, medalha de ouro (5598 pontos)
2 – EUA, medalha de prata (5109)
3 – Chile, medalha de bronze (3912)
4 – Austrália, Copper Medal (3783)
5 – Havaí (3755)
6 – África do Sul (3618)
7 – França (3128)
8 – Costa Rica (2595)
9 – Reino Unido (2295)
10 – Espanha (1730)
11 – Canadá (1726)
12 – Itália (1335)
13 – Japão (1225)
14 – Peru (1170)
15 – Dinamarca (1000)
16 – Gales (610)
16 – Colômbia (610)
18 – Argentina (583)
19 – Noruega (500)
20 – México (450)
20 – Holanda (450)
22 – República Tcheca (390)
Fonte:globo.com
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