O São Paulo tem que tomar cinco gols do Bolívar – sem marcar nenhum – para ter sua classificação ameaçada nas cobranças de pênalti. Sendo mais direto: apenas um desastre tira a vaga na fase de grupos da Libertadores da equipe brasileira, que viajou a La Paz para não ser eliminada por W.O após ter vencido por 5 a 0, no Morumbi, há uma semana.
A desistência, claro, não foi cogitada. Não apenas para não desmerecer o adversário, que chega à 29ª participação no torneio e tentou jogar de igual para igual na semana passada, mas também porque, pelo regulamento, isso resultaria em eliminação desta e das próximas três competições organizadas pela Conmebol.
Sobre o que esperar em La Paz, o técnico Ney Franco é respeitoso. Ele sabe que a altitude de 3.600 metros influenciará no desempenho, ainda que, dado o abismo técnico entre os elencos, seja impensável sofrer cinco ou mais gols – nas 15 edições anteriores que disputou, o São Paulo jamais perdeu por mais de três de diferença. Por isso, promete não apenas se defender.
Fernando Dantas/Gazeta Press
"Vou preparar o time da mesma forma como encararíamos qualquer outro time, tentando fazer gols na casa do adversário. Temos uma boa vantagem, mas será um jogo difícil. Montaremos uma equipe ofensiva, em busca de gols para tentar mais uma vitória", diz, adotando postura semelhante à de quando conquistou a Sul-americana, no ano passado.
Pela maior dificuldade de respiração em La Paz, a delegação optou por ficar em Santa Cruz de la Sierra até horas antes da partida. Treinou por lá, na véspera, inclusive. A estratégia tem como objetivo diminuir o impacto da altitude, que certamente dará mais força ofensiva aos bolivianos.
Ney Franco tem dúvida na escalação. O zagueiro Paulo Miranda cumpriu suspensão no jogo de ida e está apto a voltar ao lado direito da equipe. Porém, se o treinador confiar no lateral de ofício Douglas, titular nos dois primeiros jogos da temporada, a formação deve ser a mesma que passeou no Morumbi, incluindo Aloísio na ponta direita de um trio ofensivo com companhia de Osvaldo e Luis Fabiano.
O Bolívar vai a campo ciente de sua inferioridade. Ainda no Brasil, o técnico espanhol Miguel Portugal comparou a discrepância financeira entre as folhas de pagamento. Além disso, só lamentou a ineficiência de seu ataque nas chances criadas para vazar o goleiro Rogério Ceni, em contrapartida à pontaria dos são-paulinos diante da meta defendida por Arguello.
Mas o sonho de se unir a Atlético-MG, The Strongest (Bolívia) e Arsenal (Argentina) no grupo 3 resiste para alguns. O atacante Yecerotte já se vê eliminado, ao passo que Nelson Cabera ainda confia. "Tudo pode acontecer. O Bolívar pode ganhar, perder... Tudo pode acontecer", salienta o defensor paraguaio, que foi inscrito de última hora, antes do primeiro jogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário