A 44ª edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior tem início no próximo dia 4, reunindo 100 clubes divididos em 25 grupos (de A a Z). Em reta final de preparação, as equipes da capital paulista já vivem a fase de “lapidação”, quando o ritmo dos exercícios é diminuído e apenas a tensão aumenta para os atletas. O novo regulamento da competição voltou a permitir que jogadores de 20 anos possam ser inscritos, aumentando as exigências técnica e física para 2013.
“Não era difícil ver no Corinthians jogadores com 16, 17 anos e já tendo chances nessa competição, como o Marquinhos (foi vendido para a Roma) ou o Giovanni (integrou o elenco no Mundial de Clubes). Agora passando para 19, 20 anos, o pessoal mais velho, o lado físico fica muito mais intenso, porque os jogadores estão maturados, então aumenta o nível de força. Não tenha dúvida que tecnicamente isso também acontece, porque tem um número maior de jogadores à disposição e mais chance de qualificação”, explica Flávio Furlan, coordenador da preparação física na base do Timãozinho.
Além de Furlan, personagens como Rodrigo Caio, volante do São Paulo, Narciso, técnico do Palmeiras, Thiago Scuro, gerente executivo do Audax, Rodolfo Cetertick, presidente do Juventus, e Beto Portella e Rodrigo Marin, preparadores físicos de Nacional e Portuguesa, falaram com exclusividade à GazetaEsportiva.Net, que descreve a preparação das equipes da cidade de São Paulo para a mais importante competição de base do esporte nacional. No dia 25 de janeiro, pelo menos um deles sonha em visitar o estádio do Pacaembu para buscar mais um título para a cidade.
Atual campeão, o Corinthians divide seus trabalhos de preparação no Parque São Jorge e no CT do Flamengo, em Guarulhos, clube com o qual o Timão tem parceria. Metade do grupo, a categoria Sub-18, veio de lá, enquanto o time Sub-20 encerrou participação em competições como a Taça BH antes de se juntar ao grupo. “Eles tiveram dez dias de folga depois de participarem desses torneios e nas primeiras semanas foi feito um trabalho para equalizar cargas, deixar o grupo homogêneo, todos no mesmo ritmo. Está tudo dentro do previsto que estávamos esperando, vamos ter alguns jogadores campeões em 2011 e vamos buscar vencer de novo”, diz Furlan.
Após o Corinthians, com oito conquistas, o clube paulistano mais vencedor é o São Paulo, que tem três títulos e conta com um dos mais bem qualificados trabalhos de base do futebol nacional, no Centro de Formação de Atletas de Cotia. Após a venda de Lucas como brasileiro mais valorizado da história – ele teve os direitos adquiridos pelo PSG, da França, por R$ 108 milhões – o trabalho ficou ainda mais valorizado. Na Copinha de 2013, cinco jogadores campeões da Sul-americana ‘mataram as férias’ e foram direto à cidade 35 km distante da capital paulista de olho em mais espaço nos profissionais.
“Já pensei muito nisso e cheguei à conclusão de que, pelo fato de não ter sito muito aproveitado nessa fase final de campeonato, é um modo de jogar, de ir bem, e de voltar com ritmo para brigar por espaço no profissional. Temor que ter motivação todos os dias que vestimos essa camisa, e independentemente se estou na base ou profissional, vou entrar com o mesmo espirito e a mesma vontade de vencer. Estamos em um clube muito vitorioso e respeitado por todos”, aponta o volante Rodrigo Caio, que deve ficar à disposição de Ney Franco logo após o encerramento do trabalho sob o comando de Sérgio Baresi.
Ainda há duas equipes da cidade de São Paulo com dois títulos cada: o Nacional Atlético Clube, que já revelou nomes como Deco, Dodô e Magrão para o cenário nacional e faturou as edições de 1972 e 1988, e a Portuguesa, berço do craque Denner, que encantou ao lado de Tico, Sinval e Pereira em 1991. O time de Alex Afonso e Iotte ainda conquistaria a edição de 2002, enaltecendo o trabalho de base responsável por lançar astros como Zé Roberto, Ricardo Oliveira e Rodrigo Fabri.
“Nós conversamos com os atletas de que existe uma pressão, porque a Portuguesa é tradicional em revelar jogadores e ainda não vai tão bem na Copa São Paulo desde 2010, quando caiu na semifinal para o Palmeiras. Mas hoje temos um grupo maduro, que pegou rodagem, e com o qual tentamos fazer o melhor para ter resultado o mais rápido possível”, define o preparador físico Rodrigo Marin, que ainda citou os nomes de Gabriel Xavier e Jean Mota como possíveis destaques em 2013, inclusive para os profissionais.
No Nacional, único clube que poderá mandar suas partidas em São Paulo, no estádio Nicolau Alayon, o planejamento é mais modesto, já que o clube ganhou apoio de uma empresa para entrar em campo na Copa São Paulo, mas ainda assim não dispõe de recursos suficientes para manter os garotos em atividade durante todo o dia. Com o lado financeiro apertado, mas sonhando em reviver os dias de glória do passado, o clube foca na concentração dos atletas.
“Treinamos desde o início de dezembro em apenas um período, com alguns trabalhos dobrados, mas não temos condição de oferecer o almoço diariamente, por exemplo. Dentro do possível, trabalhamos resistência, em um primeiro momento, e depois velocidade dos jogadores. Foi difícil fazer a programação, mas em um balanço geral foi positiva a pré-temporada. Estamos com um time nota 8 fisicamente, mas vamos chegar até 9,5 durante a competição”, explica Beto Portella, preparador físico do Nacional e filho de José Roberto Portella, conhecido profissional de clubes como São Paulo e Atlético-MG, na mesma área que o herdeiro.
Em busca do seu primeiro título na Copinha, o Palmeiras vive uma realidade diferente: a campanha na principal competição de base do futebol brasileiro precisa ser positiva, já que parte dos garotos será utilizada na Série B do Campeonato Brasileiro e demais competições da temporada. Cinco atletas que já jogaram entre os profissionais, em 2012, terão chances de mostrar seu valor: Bruno Dybal, Vinícius, Bruno Oliveira, Diego Souza e Luiz Gustavo.
“A Copa São Paulo é difícil, não é fácil não. O time grande sempre tem muita responsabilidade na primeira fase, porque são 100 equipes e muitas que não são conhecidas. Ficamos sem trabalhar durante quase um ano inteiro e sempre tem a dúvida de qual adversário vem pela frente. Precisa haver um planejamento grande, por isso começamos a trabalhar no dia 3 de dezembro e querendo mostrar um bom trabalho”, explica o técnico Narciso, atual campeão pelo Corinthians e que já foi interino do time profissional em 2012.
Os últimos paulistanos a participarem da Copa São Paulo de Juniores chegam com moral. Time responsável pela formação do volante Paulinho, campeão do Mundial de Clubes pelo Corinthians e nome certo na Seleção Brasileira, além do ex-são-paulino Bruno Uvini, Bruno Peres, do Santos, e Juninho, do Palmeiras, o Audax participa do torneio pela segunda vez com este nome. Na estreia, em 2011, caiu na primeira fase, mas planeja uma campanha melhor nesta temporada.
“Temos uma expectativa muito boa, porque acreditamos demais no grupo. Os meninos estão jogando junto desde os 13, 14 anos e com o oferecimento de uma estrutura de alto nível, assim como a metodologia de trabalho de exigir frequência escolar, inclusive. O fruto do final da história é o que se faz no meio, e nós estamos criando condições para que eles estejam nos grandes clubes, mas, antes disso, aproximem ao máximo o Audax das finais da Copa São Paulo”, sintetiza Thiago Scuro, gerente executivo do caçula paulistano.
Com um título na bagagem, conquistado em 1985 sob o comando do eterno técnico Borracha, que ainda foi vice em 89 e 90, o tradicional Juventus da Mooca aposta suas fichas no time de 2012, amplamente elogiado pelo presidente Rodolfo Cetertick: “Nossa preparação começou no início do ano e não houve interrupção. Fomos campeões da Copa São Roque recentemente e temos no plantel jogadores que se destacam. Eu tomo até cuidado na divulgação, porque nem todos os contratos são como deveriam, não temos dinheiro para segurar por muito tempo. Mas quem sabe a gente não repete 85? É o sonho. E temos qualidade para isso”.
Fonte:gazetaesportiva