O Brasil terá, em 2012, um ano decisivo na Fórmula 1. Tanto Felipe Massa, na Ferrari, quantoBruno Senna, na Williams, atravessam momentos cruciais em suas carreiras. Os dois têm contrato até o fim da temporada e precisam mostrar serviço se quiserem garantir presença na elite do automobilismo mundial. Rubens Barrichello, que vai tentar a sorte na Indy, não está mais no grid. A pressão, portanto, está sobre os dois, não só para fazer o Brasil voltar ao pódio, mas também para evitar que, no próximo ano, o país fique sem pilotos na F-1 pela primeira vez desde 1969.
Nos treinos livres desta sexta-feira, na Austrália, Massa rodou na primeira sessão e, na segunda, terminou em sétimo. Bruno ficou em 14º e 19º.
Felipe Massa inicia, no GP da Austrália deste fim de semana, sua décima temporada na categoria, a sétima defendendo a escuderia de Maranello. A pressão sobre ele nunca foi tão grande quanto agora. Em 2011, sequer conseguiu subir ao pódio, enquanto viu seu companheiro Fernando Alonso o superar constantemente e até vencer uma corrida, em Silvertsone.
- A pressão na F-1 é sempre grande. Todo piloto que está ali está sob pressão, seja novato, rodado ou até campeão do mundo. E no caso do Felipe ela é ainda maior. Ele vem de um ano abaixo do esperado e seu contrato está terminado. Se não tiver uma performance boa por dois anos consecutivos, pode ficar complicado tanto para continuar na Ferrari, como também para arranjar um lugar em outra equipe. Mas o Felipe passou por situações complicadas na carreira e conseguiu superar todas. Tem talento e capacidade para voltar à melhor forma e superar esse desafio - analisa o comentarista de Fórmula 1 da TV Globo, Luciano Burti.
Lito Cavalcanti, comentarista do SporTV, destaca que não só Felipe Massa, mas toda a Ferrari encontra-se sob pressão. Ele ressalta a temporada ruim da equipe em 2011 e o mau desempenho nos testes da pré-temporada em Jerez e Barcelona.
- É um ano decisivo não só para Felipe, mas também para o Domenicalli (diretor esportivo da escuderia) e para toda a Ferrari. Acredito que o menos pressionado seja o Alonso. O problema não está somente no Felipe, está na Ferrari. Ano passado ela não foi bem e conseguiu vencer apenas em Silverstone, uma corrida atípica. A Ferrari não tem condições de falar mal de ninguém. Nesse momento, após os primeiros testes, parece estar atrás não só da RBR e da McLaren, como também de Mercedes e Lotus – diz Lito.
O piloto brasileiro reconhece o mau desempenho da Ferrari na pré-temporada, mas acredita no potencial da escuderia. Em declaração à revista inglesa “Autosport”, Massa minimizou os resultados dos testes e garantiu que não ficaria surpreso com um bom resultado dos carros vermelhos já em Melbourne.
- Não estamos muito satisfeitos com a pré-temporada, mas ano passado estávamos muito felizes com os testes e chegamos em Melbourne e ficamos decepcionados. Temos que estar preparados para tudo. Estou psicologicamente preparado tanto para um início difícil como também para um ótimo início. Temos que tentar tudo que podemos para lugar pelo pódio, pela vitória, pelo máximo que pudermos tirar deste carro - disse.
Lito, no entanto, acredita em uma volta por cima do brasileiro em 2012, baseado em declarações do Dr. Sid Watkins, delegado da equipe médica e de segurança da F-1 por 26 anos. Watkins lembrou o grave acidente sofrido por Massa em 2009, quando foi atingido na cabeça por uma mola do carro de Rubens Barrichello durante o treino para o GP da Hungria.
- A favor do Massa há um depoimento do Dr. Sid Watkins. Ele disse que o prazo de recuperação em acidentes como o do Felipe é bem longo e que a volta dele às pistas foi um pouco precipitada. Pelo prazo de Watkins, agora é que Massa vai reencontrar sua forma plena e poderá crescer. Esperamos que ele esteja certo - torce Lito.
Assim como Felipe, Bruno Senna também vive um momento de afirmação. Pela primeira vez, o brasileiro terá a oportunidade de começar um ano com mais tranquilidade. Em 2010 estreou pela Hispania sem realizar testes de pré-temporada e em 2011 entrou no meio do ano na Renault-Lotus, onde alternou atuações surpreendentes com desempenhos discretos. Com 28 anos, Bruno já não é mais um garoto. Chega a uma equipe tradicional como a Williams e, com contrato de apenas um ano, tem a responsabilidade de mostrar competência e regularidade para conseguir se manter na categoria.
- Estou realmente ansioso para o GP da Austrália. Entrar no carro será muito empolgante e espero que possamos ser competitivos desde o início. A pré-temporada de testes foi promissora, mas nunca se sabe exatamente o que todo mundo está fazendo. Estão todos muito próximos. Será muito apertado este ano - disse o piloto ao site oficial da escuderia.
Bruno chega com o peso do sobrenome Senna. A Williams tem uma forte ligação com a história de Ayrton Senna. Foi nela que aconteceu o acidente fatal com seu tio, em Ímola, em 1994, e de lá para cá, todos os bicos dos carros da escuderia possuem o S, marca registrada do tricampeão. Entretanto, os comentaristas Lito e Burti não acreditam que isso possa influenciar no desempenho do “primeiro-sobrinho”.
- Acredito que, em termos de desempenho, a ligação do sobrenome Senna com a Willaims não influenciará Bruno. Quanto à torcida e aos patrocinadores, essa ligação gera até uma influência positiva. Mas ali dentro da F-1 isso é esquecido muito rápido. O Bruno é o Bruno, seja ele Senna ou qualquer outro sobrenome. E ele sabe lidar bem com isso. Não procura explorar muito esse lado e também não sente muito a pressão. Sempre conseguiu equilibrar bem - acredita Burti.
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