quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O jogo à beira do campo: pressão, pênalti mal marcado e vitória suada


Era o primeiro jogo da seleção brasileira na Bombonera. O empate bastava para a equipe de Mano Menezes ficar com o bicampeonato do Superclássico das Américas. A taça, porém, só foi decidida nos pênaltis: 4 a 3 para o Brasil sobre a Argentina (derrota de 2 a 1 no tempo normal. Veja os melhores momentos), com direito à cobrança de Neymar. Mas o que mais chamou a atenção no estádio do Boca Juniors foi a reação da torcida. Não era jogo dos xeneizes (como é conhecido o clube), mas a pressão sobre o time verde e amarelo foi grande. Cânticos valorizando o país, gritos de guerra e hostilidade quando os brasileiros pegavam na bola foram apenas alguns dos detalhes do jogão desta quarta.

E o GLOBOESPORTE.COM teve a oportunidade de acompanhar cada detalhe da partida à beira do campo. Atrás do gol à esquerda das cabines de rádio e televisão foi possível analisar o desempenho do estreante Diego Cavalieri no primeiro tempo. Na etapa final, a disposição deFred em disputar os lances com Sebá Dominguez e Desábato e o gol marcado pelo centroavante.

Mas não foi Cavalieri ou Fred que chamaram mais a atenção. O torcedor na Bombonera é um capítulo à parte. Desde o aquecimento dos goleiros e da seleções até o pênalti convertido por Neymar, a torcida não arredou pé da Bombonera.
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Torcida na Bombonera (Foto: Marcio Iannacca / Globoesporte.com)A torcida argentina agitou a Bombonera (Foto: Marcio Iannacca / Globoesporte.com)
- Sou Argentina e o sentimento não poder parar – gritavam os torcedores.

Logo no aquecimento já foi possível ver como seria o desempenho dos “hinchas” (torcedores em espanhol). Enquanto o goleiro Orión era ovacionado a cada corridinha para um lado ou para o outro ou aceno para a arquibancada, Neymar era xingado de todas as maneiras. Apesar disso, os torcedores argentinos mostravam respeito ao falar sobre o atacante.

- Qual é o Neymar? Aquele primeiro lá da frente? Está diferente... Acho que ele pode resolver essa partida – disse um torcedor a pouco mais de 1 metro da reportagem, separado apenas pelo alambrado.

Esse é outro detalhe da Bombonera que ajuda na criação da atmosfera. Os torcedores ficam muito próximos do campo. Se para os repórteres, a pouca distância assusta, os jogadores também não ficam atrás. Uma cobrança de escanteio significa ouvir todos os xingamentos imagináveis e mais um pouco. Nesta quarta-feira, Neymar foi o escolhido pelos argentinos.

Cavalieri: pouco trabalho e muitas orientações na primeira etapa


E foi justamente o barulho ensurdecedor de um estádio que sequer estava lotado que mais impressionou. A distância para Diego Cavalieri era de pouco mais de três metros. Mas não se ouvia nada do goleiro. Era impossível ouvir uma orientação do arqueiro aos companheiros durante a etapa inicial.
Diego Cavalieri, Seleção Brasileira na Bombonera (Foto: Marcio Iannacca / Globoesporte.com)Diego Cavalieri foi crucial também ao orientar os companheiros (Foto: Marcio Iannacca / Globoesporte.com)
Cavalieri foi o personagem principal da experiência na beira do gramado na etapa inicial. Estreante com a amarelinha, o goleiro mostrou segurança na primeira parte do confronto. Cobrou mais tiros de meta do que foi exigido pela Argentina.

Mas o que chamou a atenção no primeiro tempo foi a correção de uma falha de marcação após escanteio de Argentina. Fred se posicionou errado e levou uma dura de Paulinho e Réver. Os três saíram conversando para o intervalo e resolveram a situação no segundo tempo.

E o que não mudava. A vibração do público. O posicionamento de Fred, o drible de Neymar, a boa distribuição de bola de Montillo... Essas situações até tinham variantes, mas o grito da arquibancada não cessava.

Gols, pênalti mal marcado e volta em grande estilo de Fred

Na etapa final, Cavalieri foi para o outro lado do campo. Agora era a vez de Fred, Neymar, Thiago Neves & cia. buscar os gols para ajudar o Brasil a conquistar o Superclássico. Mas não foi bem isso que aconteceu na Bombonera. Neymar teve atuação apagada. Já o camisa 9 do Fluminense foi quem mais chamou a atenção dentro de campo. Seja pelo gol marcado ou por ter se atirado em Desábato pedindo falta para o árbitro da partida. Resultado: cartão amarelo.
Seleção brasileira na Bombonera (Foto: Marcio Iannacca / Globoesporte.com)Autor do gol brasileiro no tempo normal, Fred também auxiliou a defesa canarinho
(Foto: Marcio Iannacca / Globoesporte.com)
O primeiro gol quem marcou foi a Argentina. Martinez foi desarmado na bola por Jean, mas o árbitro Enrique Osses marcou a penalidade. Além de ter sido fora da área, o volante acertou apenas a bola. Erro do juiz. Bem distante dali, foi possível ver Scocco colocar os hermanos em vantagem.

Aos 37, jogada tricolor no gol da Seleção. Desta vez pelo lado certo. Jean chutou mascado e a bola sobrou para Fred tocar para o fundo da rede. Na comemoração, soco no ar. Soco no ar? Mas o gesto de Pelé não é copiado por Neymar? Também. Mas o atacante do Fluminense não deixou de exibir o seu estilo brincalhão e também vibrou com uma dancinha ao lado do camisa 11 do Santos.

O detalhe ficou por conta dos isqueiros atirados pelos torcedores com a comemoração de Fred. Neymar ainda tirou dois deles de dentro do gramado, mas de nada adiantou. Foi só os brasileiros deixaram o local para mais um objetivo voar para a “cancha” do Boca Juniors.

Pênaltis e festa da Seleção

No fim, vitória da Argentina por 2 a 1 e decisão por pênaltis. A torcida era que o sorteio definisse o gol à esquerda da cabines de rádio e televisão para as cobranças. Mas não foi isso que aconteceu. Para sentir o clima da disputa mais de perto, o GLOBOESPORTE.COM ficou na lateral do campo para assistir ao desempenho da Seleção e valeu a pena.
Brasil, bicampeão do Superclássico (Foto: Marcio Iannacca / Globoesporte.com)Com as medalhas e o troféu, jogadores brasileiros posam para a foto histórica (Foto: Marcio Iannacca / Globoesporte.com)
O fiasco da Copa América após perda de quatro penalidades no duelo contra o Paraguai, disputado em La Plata, no ano passado, envolveu rapidamente a cabeça dos jogadores. Mas todos souberam superar o trauma. Fred, Thiago Neves, Jean e Neymar confirmaram as cobranças e deram o título para a Seleção.

Após o apito final, festa brasileira e mais uma taça na conta. E o mais gostoso: na Bombonera, casa do adversário.

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