O jogo – A Seleção Brasileira parecia não partilhar da festa que os suecos faziam para dar adeus ao Rasunda. Enquanto passistas desfilavam no gramado alegremente ao som de samba e ex-jogadores eram homenageados com pompa, os medalhistas de prata (reforçados pelos titulares Daniel Alves, David Luiz, Paulinho e Ramires) das últimas Olimpíadas encaravam o amistoso com expressões enfezadas. Até o uniforme retrô azul, em memória do título mundial de 1958, foi rejeitado por causa do tecido pesado com maior retenção de suor.
A cautela brasileira não era demasiada para o momento de instabilidade. Com o seu emprego em risco, o próprio Mano andava de um lado a outro de sua área técnica à espera de boas jogadas e gols que diminuíssem a pressão sobre si. “Vamos agregar valores agora”, disse rapidamente, tentando se mostrar despreocupado. Após Pelé dar o pontapé inicial do amistoso contra a Suécia, o Brasil procurou seguir o exemplo de paciência do treinador e trocar muitos passes diante da forte marcação adversária.
Esperança brasileira de criatividade, Neymar perdeu um pouco da seriedade aos oito minutos (quando a torcida já se manifestava a favor da Seleção) e gingou pela primeira vez no gramado. O atacante caiu em seguida, na tentativa de transpor três defensores suecos na ponta esquerda. Parte do público vaiou – fazendo lembrar a birra dos britânicos com o jogador do Santos, que ficou rotulado por cavar muitas faltas durante os Jogos Olímpicos.
De qualquer forma, o gol anulado de Neymar serviu para soltar um pouco mais o Brasil em campo. Os volantes Rômulo, Paulinho e Ramires, sem muito trabalho defensivo, avançavam para colaborar com o ataque. Era o atleta do Vasco, justamente aquele com menor cacoete ofensivo entre os três, quem mais investia em chutes e lançamentos para a frente. Pelas laterais, Alex Sandro aparecia pouco, enquanto Daniel Alves assustou os suecos com forte cobrança de falta.
No final do primeiro tempo, o Brasil se aproximou definitivamente do gol. Aos 29 minutos, Neymar recebeu com liberdade dentro da área e cruzou rasteiro. A bola passou pelo goleiro Isaksson, mas ninguém apareceu para completar. Aos 31, não houve defesa para a Suécia. O santista acertou cruzamento da esquerda na cabeça de Leandro Damião, que subiu com estilo e abriu o placar para a Seleção. Pelé aplaudiu timidamente das tribunas do Rasunda.
Em desvantagem no marcador, a Suécia se viu obrigada a deixar o campo defensivo. Mesmo sem contar com o lesionado centroavante Zlatan Ibrahimovic, os comandados de Erik Hamrén incomodaram a defesa brasileira antes do intervalo. Marcus Berg, que estava isolado no ataque até então, tabelou com Ola Toivonen na entrada da área e ficou diante de Gabriel. O goleiro se redimiu de suas falhas nas Olimpíadas e fez a defesa para evitar o empate.
No segundo tempo, a Suécia adotou a estratégia de adiantar a sua marcação e atrapalhar a saída de jogo da Seleção Brasileira. Quando a equipe de Mano ia além do meio-campo, a solução local era apelar para as faltas. Neymar e Daniel Alves tiveram uma série de chances de bola parada em sequência. Em uma delas, Paulinho cabeceou com perigo depois de cruzamento, e Leandro Damião chegou atrasado à segunda trave para emendar para o gol.
Para ser mais efetiva, a Suécia mexeu. Anders Svensson, Alexander Kacaniklic e Tobias Hysén entraram nos lugares de Ramus Elm, Christian Wlhelmsson e Marcus Berg. O ritmo do jogo ficou mais lento. Mano Menezes, agora tranquilo, tirou proveito para também fazer alguns testes. Dedé, Hulk, Lucas, Alexandre Pato e Sandro substituíram David Luiz, Oscar, Neymar, Leandro Damião e Paulinho.
Nos instantes em que a partida já era ruim, sem tanta movimentação, Pato deu mais alegria aos brasileiros. Aos 38 minutos, depois de Daniel Alves tirar a bola do goleiro Andreas Isaksson com um toque sutil, o atacante do Milan cabeceou em posição duvidosa para o gol. Aos 40, sofreu pênalti contestável de Pontus Wernbloom - para mais protesto dos suecos. Ele mesmo cobrou e, apesar de ter se desequilibrado, sacramentou a primeira vitória do Brasil após a medalha de prata conquistada em Londres.
gazetaesportiva.net
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