O primeiro dia do último mês do ano foi marcado com um dos eventos mais relevantes sobre a Copa do Mundo. No Workshop Legados da Copa 2014, que teve como slogan a frase “A Copa 2014 já tem um campeão: o povo baiano”, o futebol teve um merecido descanso e a pauta foram as questões sociais
Duas horas após o credenciamento, que se iniciou às 8h, o Coordenador de Promoção e Eventos, Márcio Lima, ali fazendo as vezes de mediador, urgia aos ouvintes que tomassem seus lugares para finalmente principiar a cerimônia.
O Secretário da SECOPA, Ney Campello, saudou as cerca de 180 pessoas no salão do Hotel Fiesta, no bairro Itaigara. Dentre os ilustres convidados à mesa de abertura, pode-se destacar a Coordenadora do Centro Interdisciplinar de Gestão Social para o Desenvolvimento da UFBA, professora Tânia Fischer e a cantoraMargareth Menezes.
A Escola Pracatum juntou seus percussionistas para dar as boas vindas mais uma vez com aquela batucada baiana.
Campello apresentou a Rede Social Copa 2014, um projeto que busca otimizar essa interação da SECOPA e outras secretarias do Governo com os representantes de diversos setores da comunidade baiana. “Estamos aqui pra entrar em campo e jogar junto com vocês”.
Segundo o secretário, o foco de sua equipe não é apenas a parte estrutural e logística do Mundial, mas sim tentar ser “geradora de legados”. O objetivo é, afinal, “ganhar a Copa e ganhar com a Copa. Não podemos esquecer de que isso é privado, é algo organizado pela FIFA, nós seremos o palco disso tudo. É um acontecimento passageiro, mas nós também podemos tirar proveito disso, e é por isso que reuniões como esta são importantes”, disse ele, mencionando, posteriormente, a intenção dos responsáveis de realizar outros encontros como aquele para avaliarem o que foi cumprido e o que ainda falta fazer.
Quando foi anunciado o coffee break, muitos foram os que saíram com suas sacolas e mochilas. Poucos não retornaram, mas os aplausos foram unânimes tanto para Tânia Fischer quanto para Margareth Menezes.
Fischer arrancou sorrisos discretos no começo de sua palestra sobre Gestão Social e Desenvolvimento ao afirmar que seguiria os passos do secretário, optando então por uma abordagem menos acadêmica e mais afável às têmporas do público, em grande parte composto de gente com formação educacional regular ou simplesmente satisfatória, mas cuja tenacidade e capacidade de compreensão em nada deviam a diplomados.
Usando uma peça de roupa feitas à mão por costureiras do interior baiano, a professora deu inúmeras dicas aos políticos presentes sobre como se poderia ajudar a essas pessoas esquecidas, não através de um assistencialismo banal mas dando-lhes melhores espaços e condições de trabalho. Dessa forma, o próprio turista poderia andar pela cidade e comprar o verdadeiro artesanato baiano, ao invés de simulacros made in China (ou made in São Paulo ou made in Pernambuco).
A musa do Axé e do Movimento Negro, por sua vez, pôs-se a discursar sobre odevido aproveitamento dos produtos culturais do Estado durante a Copa. Enfatizou que também nessa área de Cultura e Entretenimento se deveria ter um preparo e estruturação adequados.
Margareth Menezes contou sobre suas apresentações durante os intervalos das exibições dos jogos no ano passado, na África do Sul. Tudo era cronometrado e falhas não eram esperadas (falhas no som, por exemplo, como as que perturbaram o começo do workshop e explicitadas pela própria artista nesse momento).
Ás 13h um generoso almoço foi oferecido. Por volta das 14h30 boa parte dos que saíram ainda conseguiu regressar ao salão para a primeira rodada de perguntas e respostas (e várias colocações).
Dentre as dúvidas, uma destacou-se: o que se pretende fazer com os idosos que já cotidianamente são ignorados. Ney Campello e Tânia Fischer, cada um à sua maneira, proferiram a palavra de ordem que retumbou por todos os cantos, em todas as etapas: qualificação.
O secretário disse ainda, vale ressaltar, que além da rica gastronomia baiana, sempre um dos principais atrativos turísticos, há planos de aumentar a visibilidade da chamada “comida natural”, para os que têm dieta alimentícia que escapa um pouco à caça às carnes.
Mara Moraes, chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, foi a primeira a mostrar as iniciativas de seu departamento e o que mais pretendia alcançar até 2014, tudo em 15 minutos.
A Secretaria de Cultura veio em seguida personificada na figura de Beth Rangel.Martha Rocha, da Secretaria de Educação, fez uma breve introdução do que já foi feito e do que está por vir, resgatando o termo qualificação e ampliando-o, observando que os ex-atletas participariam de programas com esse fim.
Rocha explicou ainda a diferença entre Qualificação Profissional e Educação Profissional: esta eleva a escolaridade dos alunos e aquela não, apenas o habilita a determinada função.
Lilian Rosa, da Secretaria da Promoção da Igualidade Racial (SEPROMI), discorreu sobre o combate ao preconceito contra os negros; Milton Barbosa, da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE) deu sua contribuição com explanações acerca de Economia.
Rita de Cássia Magalhães, da Secretaria do Turismo, brincou dizendo que iria falar em apenas 10 minutos, “porque o coffee break é mais importante”. Entretanto, bastante concisa (e usando os 15 minutos inteiros), pontuou que não só a capital será contemplada nas ações para promover as belezas naturais destas bandas.
Passados os 10 minutos desse intervalo, ficara mais evidente o número de desertores pelos vastos assentos desocupados. Por conseqüência, os aplausos ainda eram audíveis, mas não tão impactantes.
Ironicamente, era chegada a hora não só de se responder às perguntas, como de serem ouvidos os tais representantes da Sociedade Civil, mediante inscrição para se manter uma ordem frente ao púlpito.
O povo parecia ter entendido que, no fim das contas, não é o Governo que tem de bater às portas dos milhões de habitantes, o essencial é tanto fiscalizar os políticos e cobrar deles, como também ser resiliente o bastante para aguentar, em meio a atrasos escusados, quase 12 horas de debates e propostas do interesse coletivo
fbfweb.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário